Posted by : Instituto Musart de Teresina quarta-feira, 17 de dezembro de 2008




BAIÃO SAPATEADO


O Baião Sapateado é também chamado de Baião Papagaio, Parana e Pagode, figurando como uma das tradições mais belas do Nordeste brasileiro. No interior do Piauí e Maranhão, esta manifestação folclórica foi bastante praticada pelos negros nos terreiros das fazendas, daí a pressuposição de sua origem africana.
O Baião Sapateado não é somente uma dança, mas também um gênero musical, com melodia de uma só parte, marcada a dois tempos, em andamento moderado e de poucos compassos (que vão se repetindo indefinidamente). A dança tem acompanhamento de violas, de rabecas, de surdos e sanfonas (principalmente) e o ritmo é sempre o mesmo do começo ao fim. No baião, os cantores também improvisam versos, cantando-os em duas vozes, dando assim mais harmonia à música.

O BAIÃO VAI COMEÇAR

Por um motivo qualquer - ou mesmo sem motivo nenhum - no terreiro de uma fazenda ou de uma casa humilde de caboclo, de chão bem batido, armava-se uma latada coberta de palha de babaçu e vários paus sobre forquilhas servindo de banco para os espectadores.
O candeeiro era pendurado' na forquilha de um canto qualquer, aproveitando-se assim para afinar e repenicar os instrumentos. Os dançadores, homens e mulheres, faziam duas fileiras ficando de frente um para o outro. Há regiões em que os homens usavam castanholas ou castanholas de madeira nas duas mãos. Estes escolhiam seu par dando batidas com as castanholas ou comas mãos, apontando a dama escolhida.
A dança: do Baião pode ser executada por qualquer número par de pessoas. Ressalte-se o fato de que as mulheres não usavam castanholas, acompanhavam a dança apenas com palmas.

COREOGRAFIA

Ao som de uma música de melodia simples, mas bem tocante no sentimento do caboclo nordestino, os dançadores começavam a sapatear batendo as castanholas ou as palmas, de·acordo com o ritmo do tambor, fazendo assim a exibição de sua dança para a dama escolhida. As mulheres sapateiam mais leves, movimentando os braços e quadris de maneira uniforme, ora para um lado, ora para o outro, sendo que também se exibem para o seu par.
Num certo momento da música, cavalheiros e damas param de sapatear, fazendo assim um outro movimento, arrastam os pés sem-"sair" do ritmo, ainda no andamento da mesma música. Repetem o mesmo vai-e-vem das fileiras feito no início do sapateado. E só depois as fileiras mudam de posição sem perder o gingado da dança.
Para finalizar, homens com homens e mulheres com mulheres giram em torno uns dos outros num sapateado estrepitoso e alucinante, ora levantando as mãos e olhando para os movimentos dos pés, ora olhando fixamente para o parceiro(a), .como quem parece combinar a uniformidade dos gestos, até que os homens saem rapidamente do terreiro saltando para o lado, deixando as mulheres em "campo", ou estas lhes dão as costas, como quem não quer mais dançar, indo sentar-se ou encostar-se numa forquilha da latada, terminado assim a dança.

FIGURINOS DOS DANÇARINOS

As mulheres usavam vestidos ou saias bem rodadas, compridas e de cores bem vivas ("enfuloradas"), ou usavam blusas, com mangas acima do antebraço, também de cores vivas, não esquecendo as sandálias de couro. Geralmente usavam "cocós" amarrados com tiras, feitas do mesmo pano de suas roupas.

Os homens usavam calças de cáqui (cinza), camisas (xadrez e de cor vermelha), chapéus e sandálias de couro e um facão bem longo na cintura, coma bainha bem polida, assim a sola "brilhava" 'quando "batia" a luz do candeeiro, e quando o dançarino rodava balançava que era uma beleza.

NOTA: Colhi estas informações com a saudosa Dona Sinêga, com o mestre Ozé (tocador de rabeca e cantador de BAIÃO),com meu pai Ângelo de Abreu (tocador de sanfona) e outras no livro do folclorista Pedro Silva. .




- Copyright © IMT - Skyblue - Powered by Blogger - Designed by Johanes Djogan -